Pular para o conteúdo principal

Postagens

Porque sou contra o aborto

Quando olho a questão do meu ponto masculino de vista não nego que, por mais alteridade que possa produzir, jamais sentirei o mal que um ato violento ou o desespero do abandono possa causar a uma mulher. Contudo, admitirmos o aborto será assumirmos nossa incapacidade em resolver os problemas que levaram nossa sociedade a cogitar o assassinato como solução. O aborto é um paliativo grosseiro à nossa ineficácia jurídica. É um dedo no vazamento do dique ou um band-aid na hemorragia. Não conseguimos acabar com o estupro, então matamos a criança fruto dele. Não conseguimos proteger nossas família do abandono, então matamos os filhos. Não conseguimos promover educação sexual ou estimular métodos contraceptivos, então matamos novamente. Nas últimas semanas tenho recebido inúmeras contribuições para a construção dos argumentos aqui expostos. No entanto, para que o texto não ficasse por demais enfadonho, resumi-os em tópicos que, obviamente, renderiam, cada um deles, um artigo solo. 1)
Postagens recentes

Para entender o que a Esquerda entende como Esquerda

A terminologia esquerda e direita nasceu durante a convenção dos Estados Gerais na França pré-revolucionária do século XVIII. A direita do rei, na assembleia, sentavam os representantes dos interesses da nobreza e a esquerda dele o chamado terceiro-estado, incluindo neste, a saber, a burguesia. Nossa atual esquizofrenia política parece coisa de algum incauto observador daquela seção que, tendo mirado a reunião de frente, viu um reflexo invertido do que o rei via. Contudo, como sabemos, discursos de poder ou políticos não são incidentais e sim intencionais, então, cabe aqui uma concisa análise do mais intransponível dos discursos, o dito discurso de esquerda. A visão maniqueísta A forma de ver o mundo por uma prisma bicromático nos acompanha desde que somos modernos (aqui no sentido historiográfico). Contudo, esta polarização tem se tornado muito mais evidente em nossos tempos virtuais. Quem nunca se viu argumentando contra um ponto defendido pela esquerda e foi imediatamente

Jairzinho e a Escravidão

A escravidão já existia desde a antiguidade, assim como no continente Africano, antes que os modernos estados colonizadores aumentassem a demanda pela mão-de-obra compulsória. Fato histórico indiscutível. Eu pergunto: Isso torna a prática menos deplorável ou passível de remissão discricionária? Recentemente, certo candidato a presidência, resolveu desfilar seus vastos conhecimentos acadêmicos em um programa de entrevistas. A discussão enveredou para cotas sociais e escravidão. O pretenso historiador/candidato falou sobre a ausência de “dívida histórica” portuguesa, eximindo de responsabilidade os portugueses, uma vez que estes não teriam “pisado” na África para capturar os nativos do continente. Confesso que é estranho ter que explicar este tipo de tópico para adultos. A princípio todos que deram alguma atenção ao programa já frequentaram salas de aula e, acredito, tiveram aulas de história. Mas, como professor, estou acostumado a explicar mais de uma vez os mesmos assunto

O poder da Resiliência

Acredite, o universo não está nem aí pra você. Não fique achando que você é grande coisa nesta imensidão galáctica. Não pense que as coisas acontecem só com você ou que só você tem dificuldades. Ouça bem essas milenares e sabias palavras : “Merdas acontecem !” Agora me responda como se separa o barro do ouro? Eu lhe digo: Pelo fogo. Como se determina o vencedor na corrida de obstáculos? Aquele que mais lamenta ou aquele que ultrapassa as barreiras ? Vê, atenta, você não pode ter dúvidas quanto ao caminho do sucesso! O que você precisa desenvolver é a habilidade de ser pedra e não flor durante o vendaval.

A diferença entre o Idiota e o Canalha

Clóvis de Barros Filho publicou um diminuto livro intitulado "Somos Todos Canalhas". Digo diminuto, porque fazer caber a canalhice humana em um livro com menos de 300 páginas é um feito da concisão textual. Se, porém, a grana estiver curta e você ficou curioso sobre o tema pode, alternativamente, dar uma olhada neste vídeo aqui  que é uma entrevista do autor sobre a afirmação. De minha parte, já publiquei, aqui mesmo neste blog, uma série de artigos sobre como lidar com idiotas: Como fazer inimigos e influenciar Pessoas: Em ambientes abertos Como fazer inimigos e influenciar Pessoas: Em dia de Chuva e Frio Como fazer inimigos e influenciar Pessoas: Na Informática Como fazer inimigos e influenciar Pessoas: No Futebol Contudo, se na época eu tivesse os conhecimentos que tenho hoje sobre idiotismo e canalhice, ou seja, fosse eu tão íntimo da canalhice crônica quanto sou hoje, teria substituído o manual da convivência com idiotas pelo manual da convivê

Por que o Homem Trabalha?

Quais motivações particulares incitam os indivíduos ao trabalho? Existe algo de natural em consagrar-se a um trabalho regular, metódico e eficaz? Quê afinidades existem entre as concepções de mundo e os empreendimentos profissionais? Na sua concepção de vida o homem inclui o trabalho como dimensão essencial da realização pessoal ou o trabalho é visto como uma contingência essencial à subsistência? Quê fatos socioculturais exercem influência nas representações que homem possui acerca do trabalho que dá sentido às suas atividades e o motiva positiva e negativamente a agir de determinado modo? Afinal são estas as limitações da concepção humana de trabalho: atividade de subsistência ou mera contingência a espera da aposentadoria ou da morte compulsória? O trabalho humano pode se resumir a uma enfadonha uniformidade? Pode o trabalho se resumir ao exercício dessa rotina que é um “esqueleto fóssil, cujas peças resistem a erosão dos séculos” e que não é “filha da experiência, mas sim s

O Conto do Piloto Japonês

Olá, Boa, Noiteeeee! Este é o Tonight Show!!! Aplausos. A claque está de pé. — Bem-Vindos. Bem-Vindos. Obrigado! Obrigado! Hoje temos um programa muito especial. O apresentador faz sinal para que os macacos de auditório sentem. Eles são obedientes. — Vamos receber aqui um senhor de 99 anos que sobreviveu a terrível II Guerra Mundial. Quero chamar para o palco e para o aplauso de todos vocês o senhor Inuo Kizuki ! Senhor Inuo, por favor. A claque domesticada aplaude em pé. Jazz Band Music ao fundo. A um gesto do apresentador, silêncio. — Senhor Inuo, como o senhor está? 99 anos, hein? Quantas histórias?! — Como? Desculpe sou meio surdo deste ouvido. — O que o senhor fazia na II Guerra? A assistência muda a poltrona do entrevistado para o outro lado. Algumas risadas tímidas não autorizadas vêm da plateia, mas são censuradas com um gesto do diretor. — Então, está me ouvindo bem agora senhor Inuo? — Não muito. Risadas autorizadas. A claque obedece.